cultivar_23REV

Editorial 9 no próprio modelo da Comissão, é comummente utilizada uma abordagem da atividade pecuária de forma agregada, a qual não capta alterações poten- ciais no sentido de métodos de produção animal biológicos ou mais extensivos. É ainda concluído que são necessários desenvolvimentos adicionais para captar o feedback positivo nos rendimentos resultantes da melhoria dos serviços ecossistémicos fornecidos pela melhoria da biodiversidade. Na secção Grandes Tendências, começamos por apresentar um artigo de Robert Finger e Nadja El Benni, recentemente publicado na European Review of Agricultural Economics , em que os autores defen- dem que o rendimento agrícola deve ser medido também da perspetiva do consumo das famílias, avaliando o seu bem-estar económico e social, e não apenas do ponto de vista do valor económico gera- do. Sublinhando a crescente complexidade e hete- rogeneidade tanto das estruturas e explorações agrí- colas, como das políticas e da resposta às políticas, assim como o aumento da exposição ao risco por parte das explorações, argumentam que é necessá- rio encontrar novas formas de medir o rendimento agrícola que permitam ter em conta estas novas rea- lidades e assim conceber medidas de política mais adequadas. Alan Matthews, do Trinity College, analisa os paga- mentos associados às medidas agroambientais e aos novos eco-regimes e a forma de compatibilizar esses pagamentos com as regras da OMC de não distorção do comércio. Analisa o princípio da com- pensação subjacente a essas medidas (pagamento por custos incorridos ou perdas de rendimento so- fridas devido a práticas específicas), as restrições ao seu desenho decorrentes das regras da OMC e a atribuição de pagamentos baseados no valor do ser- viço prestado. O autor conclui que, ao contrário do que poderia parecer, “ a adesão aos critérios da OMC constitui uma salvaguarda importante contra um po- tencial branqueamento verde (green washing)” e que o princípio da compensação conduzirá a resultados mais próximos do ótimo teórico. Não sendo possível conhecer com precisão a curva da oferta de serviços de ecossistema, identificar o nível correto de paga- mento pode ser mais uma arte do que uma ciência. No artigo de Paulo Canaveira, pretende-se avaliar de que forma devem ser medidos os efeitos climáticos das medidas de política. O autor defende que não é possível ter em vista apenas um objetivo global, por exemplo a redução total de emissões, sem ter em consideração muitos outros fatores que influenciam o resultado de cada medida. Embora afirme que não existem ainda métodos harmonizados para fazer esta análise mais fina, refere diversas metodologias criadas em diferentes países tendo em conta que “ o efeito de uma política mede-se pela comparação entre as emissões de um setor ‘sem o impacto da po- lítica’ e as emissões do mesmo setor ‘com o impacto da política’ ”. Ainda assim, surgem dificuldades várias de implementação, sendo preciso também não es- quecer questões como os efeitos acessórios de cada medida, a questão da definição do cenário de base, o momento da avaliação, assim como a definição e aplicação de um plano adequado de monitorização. O artigo de Tiago Domingos et al ., IST e Terrapri- ma, após uma breve introdução sobre a evolução ao longo do tempo dos sistemas baseados em pastagens e do seu potencial benéfico, faz uma apreciação qualitativa da gestão destes sistemas, nomeadamente em Portugal. Os autores apresen- tam as ferramentas e indicadores que utilizam na sua avaliação, para depois se centrarem no estudo dos impactos ambientais e serviços de ecossiste- ma (SE) das pastagens permanentes sob diferentes modelos de gestão, em diferentes regiões e com di- ferentes práticas, designadamente no montado. Por exemplo, neste último caso, há indicação de “ uma redução no fornecimento de praticamente todos os SE, quer no caso de abandono quer no caso de inten- sificação pecuária do sistema, quando comparados com o cenário de manutenção do montado com pas- toreio extensivo ”. Finalmente, debruçam-se sobre a valoração e valorização desses impactos e serviços, prevendo que este trabalho irá desenvolver-se no futuro “ visando a compreensão integrada do sistema solo-planta-animal ”. A abrir o Observatório, Manuel Gómez Ariza e Óscar Veroz González, da Asociación Española de Agricul- tura de Conservación – Suelos Vivos, defendem os efeitos benéficos da agricultura de conservação na

RkJQdWJsaXNoZXIy NDU0OTkw