cultivar_22_Final_PT

É tempo de nos concentrarmos no que importa 59 sublinhando a importância de abordar as questões da solidão na velhice. As desigualdades persistem na maioria dos paí- ses, com aqueles que estão entre os 20% da faixa superior da distribuição de rendimento a ganharem ainda acima de cinco vezes mais do que aqueles que estão entre os 20% da faixa inferior, e com as mulhe- res a ganharem, em média, menos 13% do que os homens. A desigualdade na distribuição da riqueza é ainda mais concentrada do que para o rendimento, com 10% das famílias mais ricas a representarem 52% da riqueza total, em média na OCDE. As dispari- dades de bem-estar a nível regional são também gene- ralizadas, o que se reflete na coesão social, e embora a confiança no governo tenha aumentado desde 2010, menos de metade da popula- ção nos países da OCDE con- fia nas suas instituições, com apenas uma em cada três pessoas a sentir que tem alguma influência naquilo que governo faz. Emgeral, desde a insegurança financeira das famílias, passando pelas alterações climáticas, pela perda de biodiversidade e pelas amea- ças à coesão social e à forma como as instituições demo- cráticas desempenham as suas funções, há necessidade de tomar medidas ousadas e integradas para garantir a prosperidade continuada das pessoas e do planeta. Muitas das políticas imple- mentadas nos países da OCDE, não apenas na última década, mas nos últimos quarenta anos, parecem não ser já capazes de melhorar os resultados eco- nómicos e sociais da maneira que prometeram. O crescimento económico não pode continuar a ser o objetivo principal da política económica, a partir do qual se assume que os outros objetivos decorram. As considerações sociais e ambientais não podem continuar a ser tratadas a posteriori , devendo ser parte integrante da política económica. Temos de desenvolver novas teorias, evidências e técnicas económicas. Desde 2012, a iniciativa da OCDE New Approaches to Economic Challenges (NAEC – Novas Abordagens aos Desafios Económicos) tem tentado reunir grande parte das novas ideias neste domínio e essa reflexão tem de prosseguir. Alguns exemplos de mecanismos para aplicação de uma ótica de bem-estar à decisão política Vários governos desenvol- veram mecanismos formais e concretos para incorporar métricas de bem-estar e sus- tentabilidade além do PIB nos seus processos políticos, de uma maneira estruturada e integrada. Quando se trata de formular e testar opções políticas, é importante pen- sar nas interdependências entre resultados e antever as externalidades positivas e negativas. Estes mecanis- mos podem ter como alvo uma fase específica do ciclo de políticas abaixo descrito, fornecendo uma boa porta de entrada para uma análise Além do PIB , já que permitem verificar se estão a ser dados peso e atenção adequados a vários aspetos do bem-estar, além da eficiência económica. Tomando o caso específico das políticas agrícolas, por exemplo, esta abordagem permite atribuir o peso ade- quado aos impactos ambientais e sociais, e não ape- nas aos impactos económicos, como seria o caso da análise de custo-benefício tradicional, a qual daria efetivamente um peso insignificante a impactos ambientais previstos para daqui a alguns anos. A ótica do bem-estar pode ser aplicada para entender desafios políticos específicos, como os relacionados com a agricultura, de uma perspetiva multidimen- sional, uma abordagem que tem sido utilizada em O crescimento económico não pode continuar a ser o objetivo principal da política económica, a partir do qual se assume que os outros objetivos decorram. As considerações sociais e ambientais não podem continuar a ser tratadas a posteriori, devendo ser parte integrante da política económica. Quando se trata de formular e testar opções políticas, é importante pensar nas interdependências entre resultados e antever as externalidades positivas e negativas.

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