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55 É tempo de nos concentrarmos no que importa: uma agenda para a medição e as políticas MARTINE DURAND Copresidente do Grupo de Alto Nível de Especialistas em Avaliação do Desempenho Económico e do Progresso Social; antiga Diretora de Estatísticas da OCDE Medir o bem-estar e o progresso “além do PIB” Há muitas décadas que a abordagem tradicional para avaliar o êxito dos países tem sido a utilização de indicadores de crescimento económico (PIB – Produto Interno Bruto) como medida de substitui- ção para o bem-estar e o progresso gerais. Na década de 1930, os economistas Simon Kuznets, nos EUA, e Richard Stone, no Reino Unido, desenvolveram o sistema de contabilidade nacional em que o PIB se baseia. Nenhum deles estava verdadeiramente inte- ressado em medir o bem-estar ou o progresso gerais – o seu principal objetivo era facilitar aos decisores políticos a gestão da economia nacional a um nível macroeconómico. Dado que soma o valor de todos os bens e serviços finais que são produzidos e troca- dos por dinheiro durante um determinado período de tempo, normalmente um trimestre ou um ano, o PIB constitui uma boa medida da produção de mercado. Tem a vantagem de permitir agregar entida- des com unidades diferen- tes e resumi-las num único valor monetário. Além disso, uma vez o valor ajustado per capita e por paridade do poder de compra, pode ser facilmente comparado entre países. A lógica subjacente à utilização do PIB como medida de substituição para o bem-estar e o progresso gerais é que o crescimento do primeiro pode estar asso- ciado a outros aspetos importantes do progresso da sociedade, como o aumento da esperança de vida, a redução da mortalidade infantil e índices de alfa- betização mais elevados. Essa correlação está, no entanto, longe de ser perfeita e crescimento do PIB não é sinónimo de melhor nível de vida: se os bene- fícios do crescimento estiverem demasiado concen- trados ou se o crescimento implicar elevados custos sociais e ambientais, por exemplo, a relação entre crescimento e bem-estar pode ficar comprometida. Na realidade, o PIB apresenta muitas desvantagens como medida do bem-estar. Ao nível da sociedade no seu conjunto, o PIB interpreta todas as despesas como positivas e não distin- gue as atividades de melhoria do bem-estar das atividades de redução desse bem-estar. Por exemplo, danos ambien- tais como um derramamento Ao nível da sociedade no seu conjunto, o PIB interpreta todas as despesas como positivas e não distingue as atividades de melhoria do bem-estar das atividades de redução desse bem-estar.

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