cultivar_22_Final_PT
10 CADERNOS DE ANÁLISE E PROSPETIVA CULTIVAR N.º 22 ABRIL 2021 classificada atualmente nas Contas Nacionais do INE), a agricultura é relevante para o quadro econó- mico nacional: representa 1,5% do PIB, mas constitui a base da cadeia agroflorestal (da produção primária aos serviços), que gera 10% do PIB e 15% das trocas com o exterior; a balança comercial alimentar apre- senta um défice estrutural que marca negativamente a balança de bens e serviços nacional; na inflação, a alimentação, bebidas e tabaco representam quase 25% das despesas das famílias. O artigo de Martine Durand, antiga Diretora de Esta- tísticas na OCDE, retoma o debate sobre as limita- ções do PIB enquanto indicador do bem-estar e do progresso das nações. Faz o historial desta impor- tante variável e das críticas que tem vindo a merecer, assim como das iniciativas que têm sido propostas para ultrapassar as suas insuficiências, frisando que o objetivo das políticas “ não é apenas fazer crescer a economia, mas melhorar a vida dos cidadãos ”. Refere também que esta não é uma tarefa fácil, sobretudo porque depois é preciso passar dos conceitos e das medições para a realidade da vida das pessoas. Cultivar N.º 21 – Sistemas agroflorestais, dezembro de 2020, p.27 9 A valorização dos sistemas agroflorestais, particu- larmente dos seus serviços agrogeológicos, é um trajeto que se afigura evidente. Contudo, esse cami- nho não está isento de novos pontos de conflito. Se anteriormente a tensão resultava da disputa (e segmentação) dos solos para a sua especialização/ mecanização, comandada por um objetivo de “efi- ciência económica”, o conflito atual resulta na espe- cialização (e mais uma vez na segmentação) do uso do solo, comandada por um objetivo de “eficiência ambiental e climática”. A singularidade dos sistemas agroflorestais portugueses no seio da União Euro- peia deve merecer atenção, já que têm muitas vezes sido incompreendidos pela PAC (centrada numa divisão compartimentada e uniforme da superfície agrícola) e ignorados, na sua vertente integrada, pela política climática (centrada na visão da floresta e da 9 https://www.gpp.pt/images/GPP/O_que_disponibilizamos/Publicacoes/CULTIVAR_21/#28 10 https://www.gpp.pt/images/GPP/O_que_disponibilizamos/Publicacoes/CULTIVAR_2/E_book/CULTIVAR_2_O_SOLO/64/ florestação como variáveis de ajustamento da polí- tica energética). Francisco Avillez, Miguel Vieira Lopes e Gonçalo Vale fazem uma caracterização dos sistemas agroflores- tais nacionais em termos de Orientações Técnico-E- conómicas (OTE) e de Superfície Agrícola Utilizada (SAU) e dos impactos das atuais medidas da PAC, sublinhando a sua importância no cumprimento dos novos objetivos ambientais e territoriais e ana- lisando os seus principais resultados económicos, numa perspetiva de aumento da sustentabilidade de todo o sistema. Secção II – Observatório Cultivar N.º 2 – Solo, novembro de 2015, p.63 10 Neste número sobre o solo enquanto recurso natural e económico fundamental para a agricultura, subli- nha-se o seu carácter finito e insubstituível e a impor- tância da sua preservação, já que acolhe também a maior parte da biosfera, sendo o maior reservatório de carbono do planeta. Para Portugal, este tema tem particular pertinência dadas as condições desfavorá- veis existentes, com baixa taxa de formação de solos, geralmente delgados, persistência de terrenos ondu- lados ou declivosos e com características geológicas igualmente adversas. Estas características físicas têm por consequência que, na maioria do território nacional, a produtividade da terra seja baixa com incapacidade dos solos existentes de fornecerem os nutrientes necessários ao desenvolvimento vegeta- tivo, o que é ainda agravado pelos riscos de erosão decorrentes do clima. Rui Pereira, do GPP, na análise que faz da alteração do uso do solo em Portugal, constata que diferentes estruturas fundiárias, e respectivos contextos, origi- nam evoluções diferenciadas e soluções diversas.
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