Cultivar_10_Trabalho na agricultura e as novas tendências laborais

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 10 DEZEMBRO 2017 44 necessário ou não estejam em excesso, são decisões fulcrais no processo de definição e funcionamento do sistema de produção. Com igual importância surgem a definição do cliente, a forma de acesso ao mercado final, o domínio da tesouraria; noutro contexto, a definição dos diversos riscos (seguros), a identificação das exigên- cias da produção (assistên- cia veterinária, fitossanitá- ria, de certificação…) ou do quadro técnico necessário e adequado (produção, téc- nica de produção, contabili- dade, informática). Seguindo a estrutura das contas do SNC (Sistema de Normalização Contabilística), apresentam-se de forma esquemática os principais custos de funcio- namento que a exploração agrícola pode enfrentar, de acordo com a sua origem: • nos fornecedores de bens (mercadorias, maté- rias-primas, subsidiárias, ativos biológicos) cuja integração no processo produtivo implica a deter- minação dos respetivos custos • nos fornecedores de serviços (serviços técnicos, informáticos, serviços de contabilidade, análises laboratoriais, aquisição de eletricidade, combus- tíveis e água, transporte de pessoal, transporte de mercadorias, rendas e alugueres de terrenos, edi- fícios e de equipamentos, comunicação, seguros, publicidade, …) Como facilmente se verificará, grande parte das mudanças que ocorrem no processo agrícola vão ter expressão nesta classe de custos, tendo como contrapartida a sua redu- ção, eventualmente, na classe do pessoal e da depreciação e amortização dos ativos. Estas mudanças podem ter na sua origem exigências impostas pela regulação, resultantes de exigências gerais a todas as atividades ou de exigências específicas ao setor. Ou podem ter origem em decisões tomadas pelo agricultor, visando tornar a sua atividade eficiente ou mais eficiente. No primeiro grupo estão a fisca- lidade, sanidade animal e vegetal, regras ambien- tais, o próprio processo associado às ajudas ao setor (regulação). No segundo, serviços específicos ligados ao processo pro- dutivo, decorrentes ou não de novas práticas agrícolas ou resultantes de diversifi- cação das atividades, ser- viços associados a máqui- nas e equipamentos, quer sejam serviços de aluguer ou de reparação, ou ainda serviços relacionados com os riscos que a explo- ração pode enfrentar. Isto é, mesmo na situação em que o agricultor assume os diversos papéis de capitalista, empresário, gestor e trabalhador quali- ficado ou não qualificado, as mudanças que têm ocorrido no sentido de a exploração agrícola se tor- nar mais eficiente (o que, em última instância, sig- nifica produção com custos unitários mais baixos) fazem apelo cada vez maior à utilização de serviços externos à exploração. De forma simples, o objetivo de tal comportamento é fazer com que os custos da exploração estejam estritamente associados às funções que são neces- sárias e ao tempo da sua execução. A inadequação das máquinas de uma exploração às suas necessi- dades e o custo adicional que tal representa é um exemplo recorrente para ilustrar a situação. Deste modo, se o agricultor encontra a oferta necessária e adequada de tais serviços poderá, em qualquer momento, optar pela utilização de recursos exterio- res à exploração. Natural- mente, apenas o fará se daí retirar benefício económico e desde que não lhe traga riscos adicionais por não controlar diretamente esses recursos (tempo e qua- lidade). Esta é a questão crítica do futuro: a existên- cia da oferta necessária de serviços! … as mudanças que têm ocorrido no sentido de a exploração agrícola se tornar mais eficiente (o que, em última instância, significa produção com custos unitários mais baixos) fazem apelo cada vez maior à utilização de serviços externos à exploração. Esta é a questão crítica do futuro: a existência da oferta necessária de serviços!

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