Cultivar_10_Trabalho na agricultura e as novas tendências laborais

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 10 DEZEMBRO 2017 42 na produção primária com minimização do risco comercial, financeiro ou de tesouraria. Em síntese, a busca da melhor opção de organi- zação tem apresentado várias soluções mais ou menos importantes ao longo do tempo, com dife- renciação por setor de ativi- dade. A característica mais interessante é a não cristali- zação numa única solução, antes o aparecimento de novas soluções merecedo- ras de serem consideradas no banco das soluções de resolução de dificuldades. Por seu lado, a variável quantidades produzidas, dependendo da produtividade da terra, do capi- tal (capacidade tecnológica) e do trabalho (ade- quação às tecnologias utilizadas), pode apresentar variações bastante pronunciadas. A produtividade da terra em condições tecnológicas normais será o elemento diferenciador e que permitirá maior poder a quem detém as melhores terras, através de um certo poder de monopólio expresso através de maiores rendas ou do consequente maior valor da terra. As atividades cuja diversificação é apon- tada como elemento de combate ao risco tendem para a especialização tanto na exploração como na região (vinha, leite, olival, fruticultura, horticultura, pecuária). As melhores práticas de umas explora- ções são seguidas por outras, no sentido de obte- rem melhores resultados. Na variação dos proveitos há ainda as situações de plurirrendimento que o agricultor utiliza para man- ter o seu rendimento no caso de os resultados agrí- colas descerem abaixo de um nível mínimo dese- jado ou para os melhorar a partir de oportunidades oferecidas pela própria exploração quer com ativi- dades aí centradas, quer com a utilização do seu tempo de trabalho disponível noutras atividades fora da exploração. Em conclusão, do lado dos proveitos (vendas), os ser- viços agrícolas não são evidentes, a não ser no caso de associações e cooperativas agrícolas, já que estas são, por definição, uma extensão dos próprios agri- cultores e, portanto, as operações que desenvolvem não resultam, formalmente, de uma relação cliente-for- necedor, sendo sim desen- volvidas em nome e a favor dos seus sócios. Nas outras soluções em que o agricul- tor ou alargou o seu papel de empresário, ou aprofun- dou o seu papel de forne- cedor, encontram-se dife- rentes opções. Tal sugere uma significativa margem de manobra na escolha da solução que maximize os objetivos económicos do agricultor ou do empre- sário agrícola, nomeadamente, quando a ligação ao mercado passa por operações de transformação dos produtos agrícolas. Não consegue fugir, no entanto, de um conjunto de condicionalismos: período de fidelização à entidade compradora ou transforma- dora, pagamentos diferidos, exigência de níveis de qualidade mínimos, critérios de qualidade diferen- ciadores do preço, etc. Variação dos custos? Custos de capital No capital de uma exploração agrícola, consti- tuindo o seu ativo imobilizado, podem identificar- -se de forma simples: Terra e respetivas Benfeitorias (Melhoramentos Fundiários, Plantações, Constru- ções) que constituem o Capital Fundiário, Capital Fixo Vivo (Animais Reprodutores) e Capital Fixo Ina- nimado (Máquinas, Alfaias, Equipamentos). Relativamente à Terra, o seu custo (de oportuni- dade) tem base teórica idêntica, qualquer que seja a origem (via herança, aquisição, arrendamento): a remuneração que o capital equivalente teria em situação normal de mercado. A diferença estaria … a atividade agrícola foi, ao longo do tempo, tentando novas formas de organização na sua ligação ao mercado que lhe permitisse ganhos quer através da ligação direta ao mercado final, quer pelo controlo direto da cadeia de valor da produção agrícola, ou, pelo contrário, pela especialização na produção primária com minimização do risco comercial, financeiro ou de tesouraria.

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