Cultivar_10_Trabalho na agricultura e as novas tendências laborais

A necessidade aguça o engenho (ou Como o setor agrícola vai tentando resolver os seus problemas) 41 A variação daquelas variáveis origina ao nível do agricultor e empresário agrícola um comporta- mento que o leva a procurar encontrar os mecanis- mos e processos que permitam a manutenção ou a melhoria da sua situação, representada nos resulta- dos, variável dependente das outras duas. Variação nos proveitos? As receitas de uma exploração agrícola dependem dos preços e das quantidades vendidas da produ- ção. O seu volume depende ainda da dimensão da cadeia de valor do produto dentro da exploração. A norma é os preços serem formados sem inter- ferência da exploração, dependendo das quanti- dades oferecidas (e procuradas) nos mercados, podendo, no entanto, ser diferenciados à luz de cri- térios como a qualidade ou ao seu carácter único. Se a exploração consegue um produto diferenciado pode conseguir maior poder de mercado, pelo menos temporariamente, e obter melhores preços. Sem querer fazer uma análise exaustiva dos canais de acesso ao mercado final, mas tão-somente evi- denciar que houve ao longo do tempo dominân- cias diversas, refere-se que nesse acesso prevale- cem as empresas de distribuição, as cooperativas e outras associações, empresas agroindustriais, cadeias de distribuição, e só residualmente o agri- cultor e o intermediário tradicional. Tal é o resul- tado das grandes mudanças ocorridas na distribui- ção e na cadeia de valor dos produtos agrícolas. Em termos temporais e na perspetiva do agricultor, esta situação começou com a perceção da diferença entre os preços que os intermediários pagavam à saída da exploração e o preço no consumidor final. Embora essa perceção assentasse, em parte, numa ilusão, implicou a expansão do movimento coope- rativo que permitiu estabilidade dos preços, maior qualidade do produto final, aumento da dimensão da cadeia de valor, e nova lógica dos recebimen- tos. A prática da comercialização veio mostrar-lhe, por um lado, a influência que o risco de ocorrerem situações penalizadoras para a exploração poderia ter sobre os resultados e, por outro, a necessidade de especialização para chegar ao mercado final. Também lhe evidenciou os custos que uma ligação direta a esse mercado impunha. Os ganhos conseguidos na fase de expansão das cooperativas agrícolas (por exemplo no leite, vinho, azeite, fruta) tiveram resposta do setor da interme- diação que se modernizou e levaram ainda à ocor- rência do fenómeno, sobretudo nas explorações agrícolas de maior dimensão, da concentração da cadeia produtiva na esfera da exploração, de que resultou a secessão de mui- tas explorações das coope- rativas ou de empresas de intermediação a que esta- vam associadas ou ligadas. Ocorreu ainda a emergên- cia de sociedades baseadas em explorações agrícolas, cujo objetivo era o domínio de algumas funções na cadeia produtiva. Desenvolveram-se contratos rela- tivos à compra de produtos agrícolas, entre agricul- tores e empresas baseadas ou não em explorações agrícolas e que tinham como centro a atividade agroindustrial. Os agricultores passaram a fazer parte de clubes de produtores mediante o cum- primento de cadernos de encargos definidos pelas grandes cadeias de distribuição. Com efeito, a observação empírica permite consta- tar que a atividade agrícola foi, ao longo do tempo, tentando novas formas de organização na sua liga- ção ao mercado que lhe permitisse ganhos quer através da ligação direta ao mercado final, quer pelo controlo direto da cadeia de valor da produ- ção agrícola, ou, pelo contrário, pela especialização Sem … fazer uma análise exaustiva dos canais de acesso ao mercado final, … refere-se que nesse acesso prevalecem as empresas de distribuição, as cooperativas e outras associações, empresas agroindustriais, cadeias de distribuição, e só residualmente o agricultor e o intermediário tradicional.

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