Cultivar_10_Trabalho na agricultura e as novas tendências laborais

Trabalho agrícola: percursos e modelos 33 gens de vidro), de “produtos metálicos” (bidões , tonéis, caixas e outras embalagens de ferro e aço); e há os ser- viços relativos às vendas, aos transportes e comu- nicações, à informação e comunicação, à consultoria e às atividades financeiras e jurídicas. 6. O fortalecimento e a expansão da hortofruticul- tura, nas últimas décadas, deram maior dimensão ao recurso a trabalho even- tual, em especial nas ope- rações em que se concentram grandes necessidades de mão-de-obra, em períodos limitados. Este é um tema que, de algum modo, retoma o que se passou com os ranchos migratórios. Nas unidades familiares, onde antes se mobilizava a entreajuda, a nível local, beneficia-se agora, dada a grande melhoria nas con- dições de mobilidade, da vinda de familiares e ami- gos da cidade, durante um fim-de-semana ou umas curtas férias. Nas explorações capita- listas, tem sobressaído o recurso à utilização de trabalho migrante, que atualmente não são ranchos migratórios que vêm Nas unidades familiares, onde antes se mobilizava a entreajuda, a nível local, beneficia-se agora, dada a grande melhoria nas condições de mobilidade, da vinda de familiares e amigos da cidade, durante um fim-de-semana ou umas curtas férias. Nas explorações capitalistas, tem sobressaído o recurso à utilização de trabalho migrante, que atualmente não são ranchos migratórios que vêm do Centro Litoral ou das Beiras para a ceifa dos cereais, mas pessoas recrutadas noutros países (os trabalhadores imigrantes). Caixa 3. Trabalho imigrante • «Observando os tipos de exploração associados às sinalizações [de vítimas de tráfico de pessoas] em Portugal, continua a verificar-se clara representatividade de registos de (presumível) tráfico para fins de exploração labo- ral (152), sendo que das 108 vítimas confirmadas, 101 (93%) foram vítimas deste tipo de exploração sobretudo no setor agrícola (ex. apanha da azeitona, framboesa, mirtilos, amora, abóbora, melão, laranja, cereja, tomate, entre outras). … Da observação da incidência territorial [distritos: Santarém, Beja, Bragança] e respetiva repre- sentação cartográfica estão ausentes 22 registos de vítimas confirmadas por tráfico para fins de exploração laboral na agricultura. O motivo decorre dos padrões de sazonalidade de determinadas produções agrícolas e respetivas regiões, resultando numa elevada mobilidade/rotatividade das vítimas, não só entre vários municí- pios num mesmo distrito mas igualmente entre vários distritos.» (MAI, Relatório Anual de Segurança Interna . Ano 2016, p. 49) • «O Alentejo, e em especial o distrito de Beja, apresenta um especial risco de existência de tráfico de pessoas para exploração laboral. Cidadãos da Roménia, Bulgária, entre outros …, e mais recentemente Nepal, Tailândia, Vietname …, são trazidos para trabalhos temporários aqui, ou noutros pontos de Portugal – para a apanha da fruta, ou para outras campanhas como da azeitona, consoante a estação do ano …. Os trabalhadores podem circular por diferentes herdades numa mesma região ou deslocar-se entre regiões …» (Ana Dias Cordeiro, 2015. “Tráfico de seres humanos”, in Público de 12 de março de 2015) • «São dezenas – chegam à centena – de homens e mulheres imigrantes a dormir num barracão … sem condições sanitárias. A denúncia é do presidente da Câmara da Vidigueira, …. A situação repete-se, ao ritmo das colhei- tas sazonais, à volta do Alqueva …. Para Carlos Graça, inspetor da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), não há dúvidas: estamos a falar de novos escravos. … Carlos Graça, … disse ao Público que o caso da Vidigueira “infelizmente não é único”. … Reportando-se à realidade presente, … diz que as empresas de con- tratação de mão-de-obra estrangeira, nas condições “degradantes” em que é feita, “é um fenómeno que está longe, mesmo muito longe de ser controlado”…» (Carlos Dias, 2017. “Falta de mão-de-obra no Alqueva alimenta novas formas de escravatura”, Público de 18 de janeiro de 2017)

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