Cultivar_10_Trabalho na agricultura e as novas tendências laborais

cadernos de análise e prospetiva CULTIVAR N.º 10 DEZEMBRO 2017 32 (FBCF) disponibilizado por unidade de trabalho: o valor da FBCF em produtos não agrícolas por UTA é em 2006-16 cerca de 9 vezes o cômputo de 1980-85 e o segmento de máquinas e materiais passa de 3 vezes o patamar dos anos 1980, na pri- meira década pós adesão à UE, para 7 em 1996- 2005 e acima de 16 vezes na média de 2006-16. 5. Aquelas ordens de grandeza na evolução do rácio FBCF em máquinas e materiais/UTA são similares às que respeitam à componente dos CI serviços – a componente estrutural marcante da dimensão acima explicitada: a externalização/terciarização da agricul- tura. Foi notável o seu crescimento: hoje, a relação do valor implicado em serviços por cada unidade de trabalho é 17,5 vezes superior ao registo de 1980-85. Estão envolvidos naquela componente dos consu- mos intermédios atinentes à produção, as despesas com veterinários, com a manutenção e reparação de material, ferramentas, edifícios e outras obras agrícolas, com os “serviços agrícolas” 6 , com uma 6 Serviços agrícolas: no fundamental, os serviços presta- dos por profissionais especializados, com as suas próprias parte dos gastos com intermediação monetária 7 e, ainda, uma panóplia de outros consumos – onde é saliente a vertente terciarização da agricultura – congregada nas Contas da agricul- tura sob o apelativo de “outros bens e serviços” 8 . De reter, neste contexto, a articulação da economia da agri- cultura nas Contas Nacionais 9 . É a vista dos fluxos de bens e serviços carreados de outros ramos da eco- nomia para a agricultura que se resume: para além dos advenientes das indústrias que integram o desig- nado complexo agroflorestal – onde, no caso, a expressão é das indústrias alimentares por via das aquisições de “alimentos para animais” –, des- tacam-se os abrangidos em “outros bens e serviços” a que acima se aludiu. Assim, de forma simplificada, há bens incorporados dos “pro- dutos químicos e fibras sintéticas” (para além de adubos e de pesticidas e de outros produtos agro- químicos, as matérias plásticas e as embalagens de plástico), de “têxteis” (cordas, cabos, cordéis …), de “outros produtos minerais não metálicos” (embala- unidades produtoras – o caso do aluguer de máquinas e aparelhos com o respectivo pessoal . Em relação aos “ser- viços agrícolas” e a “outros bens e serviços”, cf. Eurostat, Manual de Contas Económicas da Agricultura e da Silvicul- tura CEA/CES 97 (Rev. 1.1). 7 Os Serviços de Intermediação Financeira Indiretamente Medidos, SIFIM. 8 Aqui, são os dispêndios com alugueres (por ex., máquinas e aparelhos sem o pessoal necessário ao seu uso), honorá- rios de consultores, estudos de mercado e de publicidade, formação de pessoal, serviços de transporte, gastos bancá- rios faturados, correios e telecomunicações, prémios bru- tos de seguros, quotas a associações profissionais e coo- perativas, pagamentos às administrações públicas para obtenção de licenças/autorizações de exercício de ativi- dades, pequenas ferramentas, roupa de trabalho, peças sobresselentes e material duradouro de baixo valor, emba- lagens/acondicionamento de produtos (ver INE, 2017. 9 Com base em INE, 2017. 52 28 0 50 100 150 200 250 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 Prod. de Bens Agrícolas Trabalho Máq./Equip. 5 per. Mov. Avg. (Prod. de Bens Agrícolas) Figura 1. Produção de bens agrícolas, trabalho e motorização: anos 1980-2016 Nota : Valores de base: dos agregados económicos (produção e FBCF) a preços constantes de 2011; trabalho em unidades de trabalho ano (UTA); máquinas e equipamentos (Máq./Equip.) – indicador correspondente à soma dos valores de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) em máquinas e equipamentos e de Consumos Intermédios de Energia e Lubrificantes e de Manutenção e Reparação de Mate- rial e Ferramentas Fonte: INE, CEA

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