CULTIVAR 1 - Volatilidade dos Mercados Agrícolas

20 ferente, em relação não só ao nível de preços e à volatilidade, mas também às causas subjacentes. Por exemplo, o mesmo ambiente de políticas em termos de preços e de apoio direto ao rendimen- to corresponde a dois conjuntos completamente diferentes de nível de preços e volatilidade nos mercados dos cereais, enquanto as condições de uma reforma significativa (redução do apoio aos preços e eliminação gradual das quotas) coincidi- ram com uma clara tendência de crescimento da procura nos mercados leiteiros. Este conjunto completamente diferente de desafios, associado a um ambiente de mercado mundial em mudança, conduziu a um conjunto diferente de parâmetros de política, com o dile- ma político que estes desenvolvimentos coloca- vam a ser mais bem refletido com a decisão de tornar a PAC mais ecológica ( greening ). Ao con- trário da evolução da política agrícola noutras partes do mundo, a PAC colocou na primeira li- nha do seu projeto uma mudança de paradigma dos instrumentos de política que, centrando-se na terra como referência, na ocupação do solo como condição e nas alterações à ocupação do solo como objeti- vo, tentou responder à necessidade de forne- cimento conjunto de bens públicos e privados da agricultura. A reforma da PAC de 2013, que em termos ge- rais ficou próxima das orientações globais da pro- posta da Comissão (embora não em todos os seus pormenores), quis responder a estes novos desafi- os e necessidades através: • Identificação das falhas de mercado que a PAC tem de abordar, que se relacionam não só com a reconhecida incapacidade dos mercados de estabelecerem adequa- damente o preço dos bens públicos am- bientais, mas também com a inesperada incapacidade de os preços de mercado de- sempenharem o seu papel de forma trans- parente ao longo da cadeia alimentar; • Especificação das áreas em que medidas específicas da PAC, que podem ter desem- penhado um papel positivo nas reformas do passado, se mostram incapazes de en- frentar os desafios futuros tal como hoje se apresentam; • Abordagem “conjunta” à necessidade de complementar o fornecimento de bens pú- blicos e privados a nível da exploração, um objetivo em risco dada a tensão existente entre a necessidade de minimizar os custos económicos daproduçãoagrícolaemperíodos de alta dos preços dos fatores de produção e a abordagem paralela aos custos ambientais numa perspetiva de longo prazo. A ecologização ( greening – o requisito obriga- tório de que os agricultores cumpram práticas mí- nimas para poderem receber parte das suas ajudas diretas) é central nesta abordagem, mas não se li- mita à proposta de que cada agricultor cumpra as medidas obrigatórias associadas ao solo, car- bono e biodiversidade. É também acompa- nhada por diversas ou- tras medidas que visam associar a ecologização aos desafios específicos que a agricultura euro- peia enfrenta, desde a adaptação às alterações climáticas e a atenuação dos seus efeitos à ado- ção de inovações. O incentivo significativo à investigação agríco- la, incluindo a investigação associada a questões práticas que os agricultores enfrentam no ter- reno, bem como a melhoria da transferência de conhecimentos através de um sistema de aconse- lhamento agrícola obrigatório são elementos que tentam inverter as tendências negativas do passa- do, que resultaram numa desaceleração do cresci- mento da produtividade na União Europeia. […] a volatilidade dos preços não é essencialmente encarada como um problema para ser resolvido diretamente […]

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